UMA BREVE VISÃO SOBRE O CASAMENTO AFRICANO

O casamento africano acaba sendo muito diferenciado e conservador se comparado aos casamentos ocidentais, casar em África é uma responsabilidade de unidade familiar muito mais que um simples contrato. O sentido de família dentro das sociedades africanas transcende as ideologias ocidentais com o rótulo de família restrita, diferente dessa visão, dentro da cosmovisão africana existe o conceito da família alargada.

Infelizmente hoje em pleno século XXI com a influência externa, o casamento africano na sua raiz acaba sendo ignorado até mesmo por alguns africanos, e mal observado para outros povos, é importante saber que cada povo tem a sua própria manifestação cultural, e a forma de celebração do casamento nunca é homogéneo, os africanos têm a sua própria forma de celebração.

Para compreender o casamento africano, você deve saber que nas raízes culturais africanas o Criador, embora único, tem na sua natureza divina a dualidade do homem e da mulher. Estas naturezas masculina e feminina se fundem, permitindo ao Criador criar todos os seres.

O casamento africano é, portanto, a fusão do princípio masculino e do princípio feminino para formar um único corpo, a fim de reproduzir a natureza do Criador. Ao se casarem, os humanos reproduzem física e também espiritualmente esta unidade masculina e feminina do Criador para formar um único corpo. É por este motivo que algumas práticas como por exemplo o homossexualismo não fazem parte das sociedades africanas, aliás é inconcebível falar sobre tais práticas que hoje infelizmente estão a ser disseminadas propositadamente nas famílias africanas trazendo o desiquilíbrio das leis do matrimónio.

Ao realizarem esta unidade dos princípios masculino e feminino, os humanos podem, tal como o Criador, criar, isto é, dar à luz seres masculinos e femininos. Tudo isto explica porque é que o casamento africano é importante, divino e sagrado.

Na sociedade africana, sendo comunitária e não individualista, o grupo tem precedência sobre o indivíduo. E o indivíduo não pode existir sem o seu grupo, a sua família. Portanto, quem se casa não se casa simplesmente junto. Eles também unem suas famílias. Uma vez casado, o homem entra na família e na comunidade da mulher. A mulher entra na família e na comunidade do homem.

𝗔 𝗶𝗺𝗽𝗼𝗿𝘁𝗮̂𝗻𝗰𝗶𝗮 𝗱𝗼 𝗱𝗼𝘁𝗲 𝗱𝗲𝗻𝘁𝗿𝗼 𝗱𝗼 𝗰𝗮𝘀𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗮𝗳𝗿𝗶𝗰𝗮𝗻𝗼:

Dentro das sociedades africanas o casamento é selado por uma série de cerimônias, das quais a mais importante é o dote. O dote não é a compra de uma mulher por um homem como é imaginado e caricaturado fora de África. O dote é simplesmente o pacto ou compromisso que sela a aliança entre homem e mulher e a união entre famílias e comunidades cujos filhos se casam.

O facto de o dote ser entregue à família da mulher até hoje é um vestígio da tradição matriarcal de África que aqui explicamos, ou seja, devido ao facto de as mulheres serem vistas como tendo mais valor do que os homens, sendo elas as geradoras da vida. Mesmo no contexto actual, para os africanos, o casamento é e continua a ser o mais importante. O casamento africano grafado como “tradicional” é fundamental e tem mais valor simbólico do que um casamento dito “ convencional", ou seja, casamentos celebrados na igreja ou no cartório.

𝗢𝘀 𝗽𝗮𝗽𝗲́𝗶𝘀 𝗱𝗼𝘀 𝗰𝗼̂𝗻𝗷𝘂𝗴𝗲𝘀 𝗱𝗲𝗻𝘁𝗿𝗼 𝗱𝗼 𝗰𝗮𝘀𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼:

No casal ideal, a esposa deve cumprir 3 funções para com o marido. Ela deve ser como uma mãe para ele e cuidar dele como cuidaria de seu filho. Ela deve ser como uma irmã para ele e ter um relacionamento solidário com ele. Ela deve ser sua amante e compartilhar sua intimidade.

É a mesma coisa para o homem. Ele deve ser pai, irmão e amante. É por isso que muitas vezes na África a mulher pode chamar o marido de papai e o homem pode chamar a esposa de mamãe.

Tudo o que foi dito permite-nos compreender que a tradição africana não é, originalmente, uma tradição de poligamia. É uma tradição de monogamia em sua essência, pois é a união de um homem e uma mulher que formarão uma só carne. Assim reproduzirão a singularidade do Criador que é feminino e masculino.


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