IORI, ERÊS (COSME E DAMIÃO)

Essas entidades, altamente evoluídas, externam pelos seus cavalos, maneiras e vozes infantis de modo sereno, às vezes um pouco vivas. Quando no plano de protetores, gostam de sentar no chão e comer coisas doces, mas sem desmandos. Seus pontos cantados são melodias alegres e algumas vezes tristes, falando muito em Papai e Mamãe de céu e em mantos sagrados...

Os Santos Cosme e Damião, irmãos gêmeos, morreram por volta de 300 d.C. Crê-se que foram médicos, e sua santidade é atribuída pelo motivo de haverem exercido a medicina sem cobrar por isso, devotados à fé. Na Igreja Católica sua festa é celebrada no dia 26 de setembro, de acordo com o atual Calendário Litúrgico Romano do Rito Ordinário, e no dia 27 de setembro, pelo Calendário Litúrgico Romano do Rito Extraordinário. Na Igreja Ortodoxa são celebrados no dia 1 de novembro e também em 1 de julho pelos ortodoxos gregos. Nas religiões afro-brasileiras, onde são sincretizados como entidades infantis, também são festejados em 27 de setembro.

Os gêmeos nasceram em Egeia (agora Ayas, no Golfo do İskenderun, Cilícia, Ásia Menor), e tinham outros três irmãos. O pai foi mártir durante a perseguição dos cristãos na era de Diocleciano. Cosme e Damião eram médicos que curavam os enfermos não só com seu saber mas através de milagres propiciados por suas orações. Seus nomes verdadeiros eram Acta e Passio. Sua mãe se chamava Teodata, e também é venerada como santa pelos ortodoxos.

Os gêmeos praticavam a medicina em Egeia e alcançaram, por isso, grande reputação. Não aceitavam nenhum pagamento por seus serviços e foram por isso chamados de anargiras (em grego antigo: Ανάργυροι anargyroi – avessos ao dinheiro). Dessa forma, eles trouxeram muitos novos adeptos para a fé católica. Quando a perseguição de Diocleciano começou, o prefeito Lísias mandou prender Cosme e Damião e ordenou-lhes que se retratassem. Eles se mantiveram constantes sob tortura e de forma milagrosa não sofriam nenhum ferimento por água, fogo, ar, nem mesmo na cruz, até que foram decapitados por uma espada. Seus três irmãos, Antimo, Leôncio e Euprepio também morreram como mártires com eles. A execução ocorreu em 27 setembro, provavelmente entre 287/303.

Mais tarde, surgiu uma série de relatos fabulosos sobre os gêmeos ligadas em parte às suas relíquias. Os restos mortais dos mártires estavam enterrados na cidade de Ciro, na Síria; o imperador Justiniano I (527-565) suntuosamente restaurou a cidade em sua honra, depois de ter sido curado de uma doença perigosa por intercessão de Cosme e Damião. Justiniano reconstruiu e decorou a igreja dos mártires em Constantinopla, que veio a se tornar um lugar famoso de peregrinação. Em Roma, o Papa Félix IV (526-530) edificou uma igreja em sua honra.

A Igreja grega celebra a festa dos santos Cosme e Damião em 1 de Julho, 17 de Outubro e 1 de Novembro e venera três pares de santos com o mesmo nome e profissão. Cosme e Damião são considerados os patronos dos médicos e cirurgiões e por vezes são representados por emblemas médicos. Eles são invocados no Cânon da Missa e na Ladainha de Todos os Santos.

O O Antigo Martirológio Inglês (The Old English Martyrology) conta a seguinte lenda:

Quando eles curaram uma senhora de uma grave enfermidade, ela secretamente trouxe a Damião um pequeno presente; os textos dizem que eram três ovos. E então ela suplicou em nome de Deus que ele os aceitasse então Damião os guardou. Cosme ficou tão triste por causa isso que pediu para quando morressem seus corpos não fossem sepultados juntos. Então na mesma noite, o Senhor apareceu para Cosme e disse: “Por que dissestes aquilo pelo presente que Damião recebeu? Ele não o recebeu como pagamento, mas porque lhe foi pedido em meu nome.”(…) Quando foram martirizados, os homens que acolheram seus corpos estavam indecisos sobre onde deveriam sepultá-los em separado por causa do que Cosme havia dito, até que surgiu um camelo e disse em voz humana: “Não separem os corpos dos santos, sepultem-nos juntos.”

IBEJI

Existe uma confusão latente entre Ibeji e os Erês. É evidente que há uma relação, mas não se trata da mesma entidade, confundindo até mesmo como orixá. Ibeji são divindades gêmeas, sendo costumeiramente sincretizadas aos santos gêmeos católicos Cosme e Damião.

Por serem gêmeos, são associados ao princípio da dualidade; por serem crianças, são ligados a tudo que se inicia e brota: a nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas etc.

Seus filhos são pessoas com temperamento infantil, jovialmente inconsequente: nunca deixam de ter dentro de si a criança que já foram. Costumam ser brincalhonas, sorridentes, irrequietas, tudo enfim que se possa associar ao comportamento típico infantil. Muito dependentes nos relacionamentos amorosos e emocionais em geral, podem então revelar-se teimosamente obstinados e possessivos. Ao mesmo tempo, sua leveza perante a vida se revela no seu eterno rosto de criança e no seu modo ágil de se movimentar, sua dificuldade em permanecer muito tempo sentado, extravasando energia.

Podem apresentar bruscas variações de temperamento, e certa tendência a simplificar as coisas, especialmente em termos emocionais, reduzindo, à vezes, o comportamento complexo das pessoas que estão em torno de si a princípios simplistas como “gosta de mim” ou “não gosta de mim”. Isso pode fazer com que se magoem e se decepcionem com certa facilidade. Ao mesmo tempo, suas tristezas e sofrimentos tendem a desaparecer com facilidade, sem deixar grandes marcas. Como as crianças em geral, gostam de estar no meio de muita gente, das atividades esportivas, sociais e das festas.

A grande cerimônia dedicada a Ibeji acontece a 27 de setembro, dia de Cosme e Damião, quando comidas como caruru, vatapá, bolinhos, doces, balas (associadas às crianças, portanto) são oferecidas tanto a eles como aos frequentadores dos terreiros.

Ibeji, na nação Queto, ou Nvunji, nas nações Angola e Congo. É a divindade da brincadeira, da alegria; sua regência está ligada à infância. Ibeji está presente em todos os rituais do Candomblé pois, assim como Exu, se não for bem cuidado pode atrapalhar os trabalhos com suas brincadeiras infantis, desvirtuando a concentração dos membros de uma Casa de Santo.
É a divindade que rege a alegria, a inocência, a ingenuidade da criança. Sua determinação é tomar conta do bebê até a adolescência, independente do orixá que a criança carrega. Ibeji é tudo de bom, belo e puro que existe; uma criança pode nos mostrar seu sorriso, sua alegria, sua felicidade, seu engatinhar, falar, seus olhos brilhantes.

Na natureza, a beleza do canto dos pássaros, nas evoluções durante o vôo das aves, na beleza e perfume das flores. A criança que temos dentro de nós, as recordações da infância. Feche os olhos e lembre-se de uma felicidade, de uma travessura e você estará vivendo ou revivendo uma lenda dessa divindade. Pois tudo aquilo de bom que nos aconteceu em nossa infância, foi regido, gerado e administrado por Ibeji. Portanto, ele já viveu todas as felicidades e travessuras que todos nós, seres humanos, vivemos.

A palavra Eré vem do iorubá iré, que significa “brincadeira, divertimento”. Daí a expressão siré, que significa “fazer brincadeiras”. O Ere (não confundir com “criança”, que, em iorubá, é omodé) aparece instantaneamente logo após o transe do orixá: ou seja, o Ere é o intermediário entre o iniciado e o orixá. Durante o ritual de iniciação, o Ere é de suma importância, pois é o Ere que, muitas vezes, trará as várias mensagens do orixá do recém-iniciado.

O Ere, na verdade, é a inconsciência do novo omon-orixá, pois o Ere é o responsável por muita coisa e ritos passados durante o período de reclusão. O Ere conhece todas as preocupações do iyawo(filho), também aí chamado de omon-tú ou “criança-nova”. O comportamento do iniciado em estado de Ere é mais influenciado por certos aspectos de sua personalidade que pelo caráter rígido e convencional atribuído a seu orixá. Após o ritual do orúko, ou seja, nome de iaô, segue-se um novo ritual, ou o reaprendizado das coisas, chamado Apanan.

ERÊS

Na Umbanda, erês, ibejada, dois-dois, crianças, ou ibejis são entidades de caráter infantil, que simbolizam pureza, inocência e singeleza e se entregam a brincadeiras e divertimentos. Pedem-lhes ajuda para os filhos, para fazer confidências e resolver problemas. Geralmente supõe-se que são espíritos que desencarnaram com pouca idade e trazem características de sua última encarnação, como trejeitos e fala de criança e o gosto por brinquedos e doces. Diz-se que optaram por continuar sua evolução espiritual através da prática de caridade, incorporando em médiuns nos terreiros de Umbanda.

São tidos como mensageiro dos Orixás, respeitados pelos caboclos e pretos-velhos. Geralmente, são agrupados em uma linha própria, chamada de Linha das Crianças, Linha de Yori ou Linha de Ibêji. Costumam ter nomes típicos de crianças brasileiras, como Rosinha, Mariazinha, Ritinha, Pedrinho, Paulinho, Vítor, Cosminho. Seus líderes de falange incluem Cosme e Damião. Comem bolos, balas, refrigerantes, normalmente guaraná e frutas.

Diz-se que os pedidos feitos a uma criança incorporada (frequentemente de cura) normalmente são atendidos de maneira bastante rápida, mas a cobrança dos presentes prometidos também é e as “travessuras” que podem fazer a quem não cumpre a promessa podem ser terríveis.
Confira os Falangeiros na Postagem Sobre as sete linhas da Umbanda.

Dia do ano: 27 de setembro
Cor: Azul claro e Rosa
Saudação: Oni beijada ou salve as crianças !
Vela: Azul claro e rosa
Comida para ofertar: doces de frutas, arroz doce, cocadas, balas, bolos açucarados, quindins
Frutas: uva, pêssego, pêra, goiaba, maçã, morango, cerejas, ameixa
Bebida para saudar: refrigerantes, água de coco, suco de frutas
Dia da semana: Domingo
Flores: todas
Ervas: Rosas “cor de rosa”, Graviola folhas, Alcaçuz, Erva Doce, Manjericão, Rosa Branca, Camomila, Alecrim
Elemento: Fogo
Símbolo: coração
Domínio: parques e jardins



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