UMBANDA
A Umbanda é uma religião brasileira,
que sintetiza vários elementos das religiões africanas e cristãs,
porém sem ser definida por eles. Formada no início do século XX no
sudeste do Brasil a partir da síntese com movimentos religiosos como o Candomblé,
o Catolicismo e
o Espiritismo.
É considerada uma "religião brasileira por excelência" com um sincretismo que
combina o Catolicismo, a tradição dos orixás africanos
e os espíritos de origem indígena.
O dia 15
de novembro, já considerado pelos adeptos como a data do surgimento da
Umbanda, foi oficializado no Brasil em 18 de maio de 2012 pela Lei 12.644.
Em 8 de novembro de 2016, após
estudos do Instituto
Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), a Umbanda foi incluída na lista
de patrimônios imateriais, por meio de decreto.
ETIMOLOGIA
"Umbanda" ou
"embanda" são oriundos da língua quimbunda de Angola,
significando "magia", "arte de curar". Há também
a suposição de uma origem em um mantra na língua adâmica cujo significado seria
"conjunto das leis divinas" ou "deus ao nosso lado".
Também era conhecida a palavra
"mbanda" significando “a arte de curar” ou “o culto pelo qual o
sacerdote curava”, sendo que "mbanda" quer dizer “o Além, onde moram
os espíritos”.
Após o Congresso de 1941, declarou-se
que "umbanda" vinha das palavras do sânscrito aum e bhanda,
termos que foram traduzidos como "o limite no ilimitado",
"Princípio divino, luz radiante, a fonte da vida eterna, evolução
constante".
HISTÓRIA
Por volta de 1907/1908 (15 de
novembro de 1908), um jovem chamado Zélio Fernandino de Morais, prestes a
ingressar na Marinha, passou a apresentar comportamento estranho que a
família chamou de "ataques". O jovem tinha a postura de um velho
dizendo coisas incompreensíveis, em outros momentos se comportava como um
felino. Após ter sido examinado por um médico, este aconselhou a família a
levá-lo a um padre, mas Zélio foi levado a um centro espírita. Assim, no dia 15
de novembro, Zélio foi convidado a se sentar à mesa da sessão na Federação
Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza.
Incorporou um espírito, se
levantou durante a sessão e foi até o jardim para buscar uma flor e colocá-la
no centro da mesa, contrariando a regra de não poder abandonar a mesa uma vez
iniciada a sessão. Em seguida, Zélio incorporou espíritos que se apresentavam
como negros escravos e índios. O diretor dos trabalhos alertou os espíritos
sobre seu atraso espiritual, convidando-os a sair da sessão quando uma força
tomou conta de Zélio e disse:
“
|
Por que repelem a presença
desses espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens? Será por
causa de suas origens sociais e da cor?
|
”
|
Ao ser indagado por um médium ele
respondeu:
“
|
Se querem um nome, que seja
este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas,
porque para mim não haverá caminhos fechados. O que você vê em mim são restos
de uma existência anterior. Fui padre e o meu nome era Gabriel Malagrida. Acusado de bruxaria,
fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano
de 1761. Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio
de nascer como Caboclo brasileiro.
|
”
|
A respeito de sua missão, assim anunciou:
“
|
Se julgam atrasados esses
espíritos dos negros e dos índios, devo dizer que amanhã estarei na casa
deste aparelho para dar início a um culto em que esses negros e esses índios
poderão dar a sua mensagem e assim, cumprir a missão que o plano espiritual
lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a
igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados.
E se querem o meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque
não haverá caminho fechado para mim.
|
”
|
No dia seguinte, na residência da família de Zélio,
na Rua Floriano Peixoto, nº. 30, no bairro Neves, reuniram-se os membros da Federação Espírita, visando
comprovar a veracidade do que havia sido declarado pelo jovem. Novamente
incorporou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, que declarou que os velhos
espíritos de negros escravos e índios de nossa terra poderiam trabalhar em
auxílio do seus irmãos encarnados, não importando a cor, raça ou posição
social. Assim, neste dia fundou o primeiro terreiro de umbanda chamado
de Tenda Espírita Nossa Senhora da
Piedade.
O espírito estabeleceu normas
como a prática de caridade, cuja base se fundamentaria no Evangelho de Cristo
e seu nome "Allabanda", substituído por "Aumbanda", e
posteriormente se popularizando como "Umbanda".
No ano de 1918, fundaram-se sete
tendas para a propagação da Umbanda: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia,
Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição, Tenda Espírita Santa Bárbara, Tenda
Espírita São Pedro, Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge e Tenda
Espírita São Gerônimo. Até a morte de Zélio em 1975, mais de 10.000 templos
foram fundados além destes iniciais.
Em 1939 com o objetivo de acabar
com polêmicas e na tentativa de uma unificação foi criada a União Espírita de
Umbanda do Brasil. A partir desse momento, somente as práticas que seguiam
os fundamentos propostos pelo Caboclo Sete Encruzilhadas passaram a ser
consideradas como umbandistas.
Em 1940, o escritor Woodrow Wilson da Matta e Silva apresentou
a Umbanda como ciência e filosofia, criando então a Escola Iniciática da
Corrente Astral do Aumbhandan, a "Umbanda Esotérica" na Tenda Umbandista
Oriental, em Itacuruçá, no Rio de Janeiro.
Mesmo após as tentativas de unificação,
nas décadas de 40, 50 e 60 ainda existiam inúmeros terreiros no Rio de Janeiro
não vinculados à União Espírita de Umbanda do Brasil, principalmente por
discordarem das normativas propostas pela federação e por serem
consideradas atividades isoladas. Estes terreiros realizavam práticas ritualistas
sob a denominação de Umbanda, por exemplo a Tenda Espírita Fé, Esperança e
Caridade e Pai Luiz D'Ângelo, praticante do segmento Umbanda de Almas e Angola.
Em 1941 a UEUB organizou sua
primeira conferência, o I Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda como
forma de tentar definir e codificar a Umbanda como uma religião em direito
próprio e como uma religião que une todas as religiões, raças e nacionalidades.
A conferência também promoveu uma dissociação das tradições afro-brasileira. Os
participantes concordaram em fazer uso das obras de Allan
Kardec como fundação doutrinária da Umbanda, ao mesmo tempo que se
dissociavam das outras tradições religiosas afro-brasileiras. Ainda assim,
os espíritos fundadores da Umbanda, os Caboclos e os Preto Velhos ainda foram
mantidos como espíritos altamente evoluídos.
Em termos gerais, os
participantes do Congresso se esforçaram em legitimar a Umbanda como uma
religião altamente evoluída, por exemplo, afirmando que a Umbanda já existia
como uma religião organizada há bilhões de anos,[carece de fontes] estando
então à frente de todas as outras religiões. Como parte desses esforços em
definir a Umbanda como uma religião original e altamente evoluída, os
participantes procuraram remover suas raízes africanas e afro-brasileiras,
rastreando a origem da Umbanda até o Oriente,[carece de fontes] de
onde supostamente se espalhara para Lemúria e
subsequentemente para a África. No continente africano, a Umbanda teria se degenerado
em fetichismo, e
nessa forma foi trazida ao Brasil pelos escravos. A
influência africana na Umbanda não foi de todo rejeitada. No entanto, a sua
importância sofreu devido a percepções de corrupção da tradição religiosa
original, como uma fase de retrocesso em sua evolução; a Umbanda foi exposta ao
barbarismo na forma de costumes vulgares e praticada por pessoas com
"costumes rudes e defeitos psicológicos e étnicos" Outra forma de
lidar com o caráter africano da Umbanda foi exposto na compreensão que se
originou na África, porém na África Oriental (Egito), sendo então da parte mais
"civilizada" do continente.
Um dos objetivos da conferência
foi então rastrear as raízes "genuínas" da Umbanda até o Oriente; a
invenção das raízes orientais juntamente com a rejeição das africanas, foi
refletida na definição do termo "umbanda", que é de outro modo
geralmente acreditado ser derivada do idioma Banto. Declarou-se que
"umbanda" vinha das palavras do sânscrito aum e bhanda,
termos que foram traduzidos como "o limite no ilimitado",
"Princípio divino, luz radiante, a fonte da vida eterna, evolução
constante".[12][11].
A partir da década de 1950, os
setores mais humildes da população umbandista composta por negros e mulatos
começaram a contestar o distanciamento da Umbanda das práticas africanas. A
"umbanda branca" se opunha à tendência de recuperar os valores
africanos presentes na religiosidade popular.
O segundo congresso ocorreu em
1961 evidenciando o crescimento da religião que teve sua imagem reconstruída
pela imprensa, milhares de devotos compareceram ao Maracanãzinho com
representantes de vários estados e a presença de políticos municipais e
estaduais. O jornal O Estado de S. Paulo noticiou a
realização do congresso no Rio de Janeiro afirmando que a "preocupação
central do Congresso parece ser a elaboração de um código que orientará a
feitura de uma Carta Sinódica da Umbanda". No mesmo ano, o jornal Diário de S. Paulo publicou uma grande
reportagem com o título "Saravá meu Pai Xangô, Saravá Mamãe Oxum",
onde o jornalista descreve uma "sessão assistida pelos repórteres a
convite do deputado gaúcho Moab
Caldas".
No terceiro congresso realizado
em 1973 a Umbanda afirmou-se em definitivo como uma religião expressiva no
campo das atividades assistenciais, além dos centros onde ocorriam as
atividades espirituais, a religião contava com escolas, creches, ambulatórios
etc articuladas em torno da missão de promover a caridade e a ajuda.
Na década de 1980 a Umbanda teve
seu auge ao ser declarada como religião de muitas personalidades como os
cantores Clara Nunes, Dorival
Caymmi, Vinícius de Moraes, Baden Powell, Bezerra
da Silva, Raul Seixas, Martinho
da Vila entre outros.
Na década de 1990 a Umbanda e
outras religiões de matrizes africanas foram alvo do crescente neopentecostalismo brasileiro. Em 2003, foi
fundada a Faculdade de Teologia Umbandista (FTU),
mantida pela Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino[35] fundada
em 1970 por Francisco Rivas Neto, na Água Funda, São Paulo.
CRENÇAS E PRÁTICAS
Pai Zezinho de Ogum, pai de santo
do terreiro Tenda Espírita Vovó Maria Conga de Aruanda, a primeira instituição
cadastrada no mapa de terreiros de Umbanda do Rio de Janeiro.
Tenda Espírita Vovó Maria Conga
de Aruanda, no Estácio, que foi a primeira instituição cadastrada no mapa de
terreiros de Umbanda da cidade do Rio de Janeiro
A influência africana na Umbanda
foi interpretada como um "mal necessário" que apenas serviu para
explicar sua chegada e desenvolvimento no Brasil. O "branqueamento"
das origens da Umbanda foi expresso em termos como "umbanda pura",
"umbanda limpa", "umbanda branca" e "umbanda de linha
branca" no sentido de "magia branca". Estes termos
contrastavam com "magia negra" e "linha negra" associados
com o mal. Além disso, uma divisão de espíritos foi estabelecida entre os
"da direita", o bem, e os "da esquerda", o mal. A única
instância de identificação positiva com a influência africana na Umbanda
relacionava-se com os Pretos Velhos e com o continente africano ser reconhecido
como um continente heroico e sofredor.
A Umbanda pode ter várias
vertentes com práticas diversas, nomeadas de diferentes formas como
Umbanda Tradicional, Primado de Umbanda, Umbanda de Nação ou Umbanda Mista,
Umbandomblé, Umbanda Esotérica, Umbanda Astrológica, Umbanda Sagrada, Umbanda
da Magia Divina, Umbanda Omolocô, Umbanda Crística, etc. Essas diferentes
vertentes partilham o culto a entidades ancestrais e a espíritos associados a
divindades diversas, que podem pertencer ao Catolicismo, a cultos africanos,
hindus, árabes entre outros. Apesar de diferentes vertentes existem alguns
conceitos encontrados que são comum a todas, sendo estes:
Crença nas Divindades ou orixás
Crença na existência de Guias ou
entidades espirituais
A imortalidade da alma
Lei de causa e efeito pela
qual os umbandistas pagam o Bem recebido com o bem e o Mal com a justiça divina.
Também se fundamentam na
obediência aos ensinamentos básicos dos valores humanos, como a fraternidade,
a caridade e
o respeito ao próximo. Além desses preceitos também estão a necessidade da
prática mediúnica como por exemplo servindo de "aparelho" (o medium)
para viabilizar a comunicação entre espíritos
e orixás com os seres humanos.
RITOS
Os rituais da Umbanda visam
evocar o orixá ancestral e toda sua hierarquia composta por Orixás
menores, Guias e Protetores. Os rituais não têm
forma ou modo definido de modo que variam de casa para casa e estão
subordinados às decisões de cada Pai-de-santo e
cada entidade protetora do terreiro.
O local onde se dá as celebrações
e o atendimento do público é geralmente uma casa denominada por tenda que
contém um terreiro e um salão apropriado para sessões.
Alguns termos e rituais comumente
mencionados:
Giras, é como são
chamadas as sessões onde se reúnem os espíritos de várias categorias, as giras
podem ser festivas, de trabalho ou de treinamento.
Bater cabeça, é como é chamado o
ato de prostração, a reverência dada ao chefe do terreiro, por
exemplo. O contexto desse gesto varia de terreiro para terreiro, sendo
unânime que seja feito antes da defumação.
Defumação,
é usada para purificar o ambiente, através do seu aroma desfaz no ambiente todo
o negativo expulsando os espíritos trevosos.
Pontos
riscados são diagramas desenhados no chão como ângulos, retas,
símbolos representativos, desenhos geométricos, pontos cardeais, etc
representando a assinatura do Guia.
Pontos
cantados são as músicas e cantos entoados como forma de louvor ou
invocação.
Oferendas são
a prática de dispor comida ritual e objetos específicos nos
templos ou locais ao ar livre, em dias e para fins especiais. As oferendas são
agradecimentos aos Guias e Orixás. As vertentes com mais influência dos
cultos africanos como a Umbanda de Nação se utiliza de ebós que são
para finalidades próprias como reequilibrar aspectos da vida da pessoa, porém,
diferente de alguns cultos africanos, a Umbanda não se utiliza do sacrifício de animais.
Descarrego é
o nome dado a rituais para limpeza espiritual ou livrar-se de cargas negativas,
podem ser banhos com ervas especiais como a Guiné, Espada-de-ogun etc
ou rituais como a Roda de fogo" que usa pólvora.
Batismo, como
ocorre em muitas outras religiões, só pode ser realizado por líderes
religiosos, no caso o Babalorixá ou
a Iyalorixá.
ENTIDADES
Os espíritos (entidades) que trabalham na Umbanda são
organizados em linhas e falanges (legiões) de uma
forma quase militar. Cada linha está sob a direção de uma deidade africana
ou Orixá ou Orisha,
enquanto os nomes e configurações exatas variam dentro da Umbanda, eles são em
sua maioria compostos a partir de divisões étnicas, por exemplo, "Povo de
Moçambique", "Legião de Tupi-Guarani". Em geral, os espíritos
nos rituais da Umbanda se enquadram nas seguintes categorias:
Caboclos, espíritos indígenas, como o Sete
Encruzilhadas
Pretos
Velhos, os espíritos de velhos escravos brasileiros
Exus,
mensageiros dos orixás; entidades mais próximas dos humanos, protegendo as suas
estradas, caminhos. Praticam unicamente o bem. Se vierem para o mal, não são
Exus, nem Umbanda.
Pomba Giras,
entidades da linha da esquerda com hierarquia própria, erroneamente colocadas
como femininas de Exu.
Todas os acima são chamados de
"espíritos de luz" porque trabalham para o bem, há também os
espíritos banidos da Umbanda que são ditos trabalharem para o lado obscuro,
dentro da Quiumbanda, um tipo de oposto negativo da Umbanda.
HINO
Originalmente com o título de
Refletiu a Luz Divina, a letra escrita por José Manoel Alves, foi musicada por Dalmo
da Trindade Reis, maestro tenente do Grande Conjunto da Policia Militar do Rio
de Janeiro. No Segundo Congresso
Nacional de Umbanda, em 1961 no Rio de Janeiro, a música foi aclamada e
oficialmente reconhecida como o Hino da Umbanda e hoje é cantada por milhares
de umbandistas pelo mundo. Existem Relatos nunca comprovados de que J M ALves
fosse cego, porém não existe registro real de tal fato e fotografias da época
até o mostram com óculos, porém sem nenhum indicio de deficiência grave, mesmo
porque JM ALves era militar lotado na cidade de São Paulo onde se aposentou com
a patente de capitão.
Refletiu a luz divina
Em todo seu esplendor
É do Reino de Oxalá
Onde há paz e amor.
Luz que refletiu na Terra
Luz que refletiu no Mar
Luz que veio de Aruanda
Para tudo iluminar
Umbanda é paz e amor
Um Mundo cheio de luz
É a força que nos dá vida
E a grandeza nos conduz.
Avante filhos de fé
Como a nossa lei não há
Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá.
ORGANIZAÇÃO
Espaço físico
Vista de um Congá
A parte física de um terreiro de
umbanda contém seis elementos fundamentais:
Assentamento
Pegi ou Peji
Congá
Porteira ou Tronqueira
Cruzeiro das Almas ou Casa
das Almas
HIERARQUIA
Maria da Guia, médium do terreiro
Tenda Espírita Vovó Maria Conga de Aruanda
A hierarquia na Umbanda pode
variar dependendo da quantidade de membros de modo que pode se dividir em um
grupo administrativo e grupo espiritual além de variar de acordo com o
tipo de Umbanda (de nação, Esotérica etc).
Sacerdote
(Pai-de-santo) e Sacerdotisa
(mãe-de-santo) : responsáveis por toda a atividade espiritual que
ocorre no terreiro, como iniciar, conduzir e encerrar as giras e estabelecer as
ordens e doutrinas passadas pelo astral.
Pai Pequeno e mãe
pequena: responsáveis na ausência dos pai ou mãe, têm os mesmos ensinamentos e
participam de todos os rituais.
Curimbeiro ou atabaqueiro:
responsável por tocar e cantar os pontos cantados nas giras além do ensino a
novos ogãs.
MÉDIUNS
Médium iniciante: médiuns que
ainda não incorporam, sendo às vezes colocados como cambonos até adquirirem
experiência.
Médium em desenvolvimento:
médiuns em processo de desenvolvimento.
Médium de trabalho: médiuns que
prestam consultas nas giras de atendimento e já passaram por todos os preceitos
e obrigações (batismo, amaci e coroação).
Cambono: médium designado a
auxiliar a entidade trabalhando como um intérprete entre a entidade e o
consulente.
RAMIFICAÇÕES
A Umbanda possui
algumas ramificações, caracterizadas por diferenças em rituais, métodos,
hierarquia, etc.
Entre as vertentes mais
conhecidas estão:
Umbanda tradicional: criada
por Zélio Fernandino de Morais, se baseia
nos princípios da caridade e da fraternidade. É fundamentada em três
entidades iniciais que são os Caboclos, os Preto-Velhos e as Crianças. Esta
vertente originalmente não é adepta das práticas africanas.
Umbanda de almas e angola: além
da Umbanda tradicional, se utiliza de ritos africanos.
Umbanda branca ou Umbanda
de mesa: voltada ao Espiritismo com doutrinas baseadas na conduta kardecista.
Não trabalha diretamente com Exús, pombo-giras nem se utilizam de fumo, álcool,
imagens e atabaques.[69]
Umbanda de caboclo: tem
influência da cultura indígena brasileira, trabalhando com Caboclos. Não
trabalha com orixás.
Umbanda omolocô: do culto
africanista aos orixás aos Guias e Linhas
da Umbanda.
Umbanda esotérica: seu maior
difusor foi W.W. da Matta e Silva (Mestre
Yapacany), considerada como um conjunto de leis divinas.[70]
Umbanda iniciática: derivada da
Umbanda esotérica, foi fundada por Pai Rivas (Mestre Umbanda Yamunisiddha
Arhapiagha), com influência Iniciática oriental,como uso de mantras indianos
e do Sânscrito.
Umbanda popular
Umbanda de preto-velho
Umbanda traçada ou Umbandomblé
CRÍTICAS
Assim como outras religiões
afro-brasileiras, a Umbanda sofreu repressão política durante a era Vargas até
o início de 1950. Uma lei de 1934 colocava estas religiões sobre a jurisdição
do Departamento de Tóxicos e Mistificações da polícia de modo que era preciso
um registro especial para funcionarem. Durante esses anos vários grupos se
mantinham na clandestinidade ou quando se registravam, procuravam omitir suas
ligações ou inspirações africanas se registrando como sendo apenas
"espiritistas". Essa omissão ou "desafricanização" que
rejeitava as influências das religiões africanas foi estabelecida mais
claramente no I Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda realizado em
1941, que definiu entre outros aspectos, que a raiz da Umbanda provinha de
antigas religiões e filosofias da Índia. Roger
Bastide argumentou que o Espiritismo "branqueia"
ou "europeniza" a Umbanda, distorcendo suas raízes africanas.
No Brasil, a Umbanda e demais
religiões de matrizes africanas sofrem com a intolerância religiosa,[76] sendo
as religiões neopentecostais ditas Renovadas de maior intolerância em relação à
Umbanda, ao Candomblé e ao Kardecismo.
Os praticantes do Candomblé criticam
a Umbanda por considerá-la superficial e desconhecer os ritos mais profundos
dos cultos aos Orixás, além de criticarem a Umbanda por não separar o culto dos
espíritos do culto às entidades, já que o Candomblé considera os Orixás e
deuses como sendo mais puros e de energia mais primordial e que, desse modo,
não podem ser maculados pela energia dos espíritos que viveram na Terra.
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