OXUMARÉ

Para quem acha que conquistou ou falta conquistar muitas coisas nessa vida, Oxumaré vem trazendo seu axé de eterna mudança, lembrando que nada permanece para sempre da mesma maneira. Ore a Oxumaré e peça ao Senhor da Prosperidade que auxilie em suas demandas diárias e em seus projetos mais secretos! Oxumaré é o símbolo da continuidade e da permanência, por isso, é representado por uma serpente, não só pelo movimento circular que ela produz, mas também pela constante substituição de pele. Diz a mitologia que a serpente Dan, mora no céu e morde a própria cauda impedindo que a terra se desagregue, ao soltá-la, desce à terra por um arco-íris para percorrer o mundo, dirigindo as forças que produzem movimento na natureza. No Brasil, o culto a Oxumaré foi um dos mais reprimidos durante os tempos da escravidão, pois não há animal mais amaldiçoado pelo cristianismo do que a cobra, causa da expulsão de Adão e Eva do Paraíso. Há sacerdotes que relacionam o movimento circular da serpente Dan, quando presa à cauda, com o movimento de rotação da terra e seu translado em torno do Sol: a dinâmica da vida e do Universo, regido por Oxumaré. Oxumaré é um Orixá masculino, embora algumas pessoas acreditem que seja macho e fêmea, por não considerarem que seu par feminino é sua irmã gêmea, Ewá, cujos domínios são parecidos com os dele. Segundo a mitologia Ewá foi expulsa do Daomé, acusada de ser uma cobra muito má, mas encontrou abrigo entre os Iorubás, que a transformaram numa cobra boa e bela, a metade feminina de Oxumaré e é por isso que no Candomblé, em qualquer ocasião, eles dançam juntos. Ewá vive nas matas, sob a proteção de Oxossi, onde tornou-se uma guerreira valente e caçadora habilidosa. É considerada “Rainha das Mutações” e “Senhora do Belo”, que preside o canto e os ruídos alegres, os perfumes, a umidade, a mutação das formas e cores na natureza e as transformações que ocorrem em seu seio. Ewá rege a transformação do mal em bem e o balé da natureza. Essa ideia de um Oxumaré andrógino é reforçada pelo fato de Oxumaré ser o “Senhor dos Opostos”, pois masculino e feminino, bem e mal, dia e noite, positivo e negativo, tese e antítese e tudo o que é cíclico está sob sua regência, tal como as estações do ano, o ciclo das águas, a multiplicidade das existências, como na reencarnação e seus variados destinos. Seu culto visa solicitar a Oxumaré, a serpente arco-íris, que o mundo, que a vida não pare. Diz a lenda que Oxumaré é um servidor de Xangô e que seu trabalho consiste em recolher a água da chuva e levá-la de volta às nuvens. O fato de Oxumaré estar ligado às chuvas que trazem vigor às plantações, fez dele um mito ligado à riqueza, à fortuna. As formas alongadas na natureza, tal como o cordão umbilical, é atribuída a sua influência, assim é que algumas pessoas enterram-no, geralmente com a placenta, sob uma palmeira que se torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde dependerá da boa conservação da árvore. Na realidade, as formas alongadas simbolizam a continuidade e permanência de Oxumaré. No Candomblé, seus filhos usam brajás, colares de búzios entrelaçados de modo a formar um arranjo que lembre as escamas de uma serpente e o ibiri, uma espécie de vassoura feita com nervuras das folhas de palmeiras, tal como os filhos de Nanã e Omulu. Quando dançam levam nas mãos pequenas serpentes de metal e apontam o dedo indicador para o céu e para a terra, num movimento alternado ou dançam com movimentos ondulantes, atirando-se por vezes ao chão, imitando o bote de uma serpente. Na Umbanda, Oxumaré, irradia as sete cores, irradiações divinas que permeiam as Sete Linhas de Umbanda como impulso renovador que atua em grande sintonia com a vibração de Oxalá e de Oxum, formando toda uma hierarquia de Caboclos e Caboclas Arco-Íris e de Caboclos e Exus Sete Cobras. Dizem que é a força de Oxumaré na irradiação de Oxalá que faz com que o ser mude suas concepções religiosas e na irradiação de Oxum é o que faz com que a paixão se transforme em amor. Por outro lado, é também através da irradiação de Oxumaré, em seu aspecto mais denso, chamado “Sete Cobras” ou “Sete Caminhos Tortuosos”, a via energética por onde transitam os seres que saíram do caminho do bem, até o arrependimento, vetor para a evolução. Apesar de não reger, na Umbanda, a cabeça de iniciados, é grande a influência de Oxumaré na Umbanda, que por ser o Orixá das cores e dos aromas está presente em quase todos os rituais.





Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O QUE É QUIMBANDA OU KIBANDA

QUEM É PAI CIPRIANO NA UMBANDA

XANGÔ BARÙ, IGBARÙ OU ÒBÁ BARU