No que a Umbanda Acredita?

Não é a intenção desse texto restringir a Umbanda a crenças particulares, mas sim levar ao conhecimento de todos, Umbandistas ou não, os fundamentos básicos existentes nas mais variadas formas de se ritualizar a Umbanda. Aqui iremos discorrer sobre conceitos que permeiam a religião e que estão intrinsecamente ligado aos seus fundamentos.
Somos reencarnacionistas
Acreditamos que mesmo após a morte do corpo físico nesse plano, nosso espírito continua vivo e pode voltar a encarnar em algum outro momento.
Somos espíritos que encarnamos e reencarnamos muitas vezes e em diversas culturas. Em uma vida você foi branco, negro, brasileiro, europeu, americano, foi índio em determinada tradição e isso está ali na palavra do Caboclo das Sete Encruzilhadas do dia 15 de Novembro de 1908:
“Se é preciso que eu tenha um nome, me chame Caboclo das Sete Encruzilhadas. O que você está vendo são reminiscências de outra vida em que eu fui Frei Gabriel de Malagrida, que fui queimado na Santa Inquisição por haver previsto o terremoto de Lisboa.”

Caboclo das 7 Encruzilhadas
Somos reencarnacionista na base do discurso do Caboclo.

Mediunidade 
A Umbanda é uma religião mediúnica, ou seja, entendemos que a comunicação com outros planos se dá por meio de sentidos sensoriais ao qual considera-se que todo mundo possua. Esses sentidos podem ser vividos de diversas formas como a psicografia, a psicometria, a clarividência, vidência dentre outras, sendo a mais comum aos terreiros de Umbanda a mediunidade de incorporação.

Manifestação dos Espíritos
Consideramos a mediunidade um precedente na religião e nessa comunicação contemplamos a presença dos guias espirituais – espíritos humanos que atuam na Umbanda por amor e têm como propósito a promoção do bem e da caridade espiritual.
De Caboclo à Pombagira na Umbanda, só se pratica único e exclusivamente o bem.  
A Umbanda tem bíblia?
Não faz parte do rito umbandista a crença em uma escritura sagrada. O sagrado para a Umbanda está na Criação. A natureza é o sagrado.. os animais, as pedras, as águas, as matas, o espaço, nós somos o sagrado. É no convívio e no respeito com a criação que aprendemos o que norteia nossos princípios, porém, não temos uma cartilha descrevendo como fazer isso.

Religião sem dogmas
Não temos um livro sagrado e tampouco dogmas ou regras de comportamento a se seguir. A Umbanda é uma religião de liberdade e isso pode ser visto, no simples fato de cada terreiro ter e desenvolver seu trabalho espiritual resguardando-se em suas particularidades. Cada terreiro assim como cada gira são únicos, toda visita a uma casa de Umbanda é uma nova experiência, que não se repete e nem se iguala as outras manifestações.
Mas atenção:: não ter dogmas não significa que nessa estrutura não exista fundamentos e princípios que dão sentido a religião, mas sim que o que orienta (além dos seus ritos) a prática umbandista são regras claras e básicas de bom senso, de respeito ao próximo, de lucidez, de zelo à saúde mental, emocional, espiritual e física de nós mesmos e ainda a vida plena pautada nos princípios do amor em todas nossas ações e conduta.
Temos nossos próprios ritos, mas não vivemos engessados em regras comportamentais e ditatórias, “a moralidade que você mostra é mais importante do que a ética que você tem”.
A liberdade é o dogma mais difícil a se seguir

Único Deus
A Umbanda é uma religião monoteísta, depositamos nosso culto e reverência a apenas um Deus que pode ser chamado de nomes diferentes dependendo do terreiro, mas que sempre será representado por uma só manifestação.
Um dos nomes mais comuns são Olorum, em outras vertentes pode-se encontrar Tupã, Zambi ou Olodumarê, por isso para o Umbandista Deus é o Divino Criador, a grande Consciência Cósmica que dá origem a tudo e a todos e está em tudo e em todos, inclusive nos Orixás e em nós.

Orixás
Na Umbanda também presta-se o culto aos Orixás, que de uma maneira muito simplificada são as qualidades de Deus individualizadas e manifestadas por meio dessas divindades. Os Orixás cultuados na Umbanda não são os cultuados no Candomblé ou nas religiões africanas, partilhamos de nomes, humanizações e simbolismos dos considerados Deuses Orixás do panteão africano, entretanto, para nós Ogum, Iansã, Oxóssi, Xangô…dentre outros são, cada um deles, um aspecto de Deus e não O Deus maior.

Sincretismo
Como dito anteriormente as divindades/Orixás como a essência de Deus manifestam as qualidades individualizadas do Criador e é por isso que quando pedimos por justiça por exemplo, rezamos a Xangô.
A energia que advém dele é diferente dos outros Orixás e suas vibrações trabalham no sentido do equilíbrio da vida, porém, todas essas vibrações têm origem na essência divina do criador, portanto são em si uma das “faces” de Deus.
O mesmo acontece em outras culturas e religiões que possuem diferentes representações para cada qualidade de Deus.
Por isso, a mesma divindade e/ou qualidade ao qual nós chamamos de Oxum vai se manifestar quando o católico ou o umbandista clama pelo amor que irradia de Deus. A benção pode ser solicitada em frente a uma imagem de Maria ou apenas diante de uma vela, mas a vibração sentida é a do mistério, que corresponde ao amor que emana de Deus e que para nós é Mamãe Oxum.
Entendemos Deus como único e presente em todas as manifestações de fé, porém, cada uma delas vai personificar essas manifestações de uma forma.

Jesus na Umbanda 
Na Umbanda, mais precisamente na vertente que adota os estudos de Pai Rubens Saraceni, Jesus é uma divindade fatorada (recebeu de um Orixá a sua qualidade divina) por Oxalá. E assim podemos dizer que Cristo histórico é um filho de Oxalá.
Jesus na Umbanda é a luz solar, é a moral, o norte comportamental, a história de vida em qual nós podemos nos espelhar. São as manifestações de amor de Jesus que nos interessa e por isso que na grande maioria dos terreiros ele está representado de braços abertos e no lugar mais alto do Congá.
É a fé – mistério dessa manifestação – que justifica a existência de tudo. A partir do momento que você deposita fé em algo ela se torna realidade, por isso, dentro dessa hierarquia o mistério (fé) que a representação de Jesus emana está no alto e em primeiro lugar também nas 7 linhas de Umbanda.
Jesus portanto não é um ser humano que encarnou e reencarnou diversas vezes até atingir esse grau de evolução, como acreditam algumas crenças espíritas, mas uma divindade que se humanizou para usufruir da vida em terra.
Não é Oxalá Maior, mas um ser de outra natureza e realidade que se materializou e veio a esse plano e este sim podemos dizer que em missão, de trazer seus ensinamentos e legado ao qual a Umbanda reconhece e reverência.
Umbanda é religião, inclusive por excelência A religião brasileira e sendo assim só pode praticar e disseminar o bem, o contrário disso NÃO é Umbanda.




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