A UMBANDA
Pesquisa
sobre a cultura Iorubá e o povo Nagô, e sua influência na religião brasileira
da Umbanda.
Uma religião brasileira que sintetiza vários
elementos das religiões africanas e cristãs, porém sem ser definida por eles.
Formada no início do século XX no sudeste do Brasil a partir da síntese com
movimentos religiosos como o Candomblé, o Catolicismo e o Espiritismo.
Os Iorubás e os Nagôs
Osiorubás,
iorubas, iorubanos ou nagôs (em iorubá: Yorùbá) constituem um dos maiores
grupos étnico-linguísticos da África Ocidental, com mais de 30 milhões de
pessoas em toda a região. Trata-se do segundo maior grupo étnico na Nigéria,
correspondendo a aproximadamente 21% da sua população total.
Como uma descrição étnica, a palavra “iorubá” foi
registrada pela primeira vez, em referência ao Império de Oió, em um tratado
escrito por volta do século XVI pelo estudioso Songhai Ahmed Baba. Foi
popularizada pelo uso Hausa e etnografia escrita em árabe e Ajami durante o
século XIX, originalmente referindo-se ao Oió exclusivamente.
A prorrogação do prazo para todos os falantes de
dialetos relacionados com a língua de Oió (na terminologia moderna Noroeste
Iorubá) data da segunda metade do século XIX. É devido à influência de Samuel
Ajayi Crowther, o primeiro bispo anglicano na Nigéria. Crowther foi ele próprio
um Yoruba e compilou o primeiro dicionário iorubá, bem como a introdução de um
padrão para a ortografia iorubá.
O nome alternativo Akú, aparentemente um exônimo
derivado das primeiras palavras de saudações iorubanas (como Ẹ kú àárọ? “bom dia”, Ẹ kú alẹ? “boa noite”) tem
sobrevivido em certas partes da sua diáspora como auto-descritivo, especialmente em Serra
Leoa.
A maioria dos iorubás falam a língua iorubá
(iorubá: èdèe Yorùbá ou èdè). Vivem em grande parte no sudoeste da Nigéria;
também há comunidades de iorubás significativas no Benim, Togo, Serra Leoa,
Cuba, Republica Dominicana e Brasil. Os iorubás são o principal grupo étnico
nos estados de Ekiti, Kwara, Lagos, Ogun, Ongo, Osun, e Oyo. Um número
considerável de iorubás vive na República do Benim, ainda podendo ser
encontradas pequenas comunidades no campo, em Togo, Serra Leoa, Brasil,
Republica Dominicana e Cuba.
A maioria dos iorubás é cristã, e os ramos locais
das igrejas Anglicana, Católica, Pentecostal, Metodista, e nativas de que são
adeptos. O islamismo inclui aproximadamente um quarto da população iorubá, com
a tradicional religião iorubá respondendo pelo resto. Os iorubas têm uma
história urbana que data do ano 500. As principais cidades iorubás são Lagos,
Ibadan, Abeokuta, Akure, Ilorin, Ogbomoso, Ondo (cidade), Ota, Shagamu, Iseyin,
Osogbo, Ilesha, Oyo e Ilé-Ifè.
Os iorubás deixaram uma presença importante no
Brasil, e particularmente muito significativa no estado brasileiro da Bahia:
“Os nagôs (iorubás) são, ainda hoje, os africanos
mais numerosos e influentes nesse estado (Bahia). Existiam aqui quase todas as
pequenas nações iorubanas. Os mais numerosos são os de Oyó, capital do reino de
Iorubá, que, naturalmente, foram exportados ao tempo em que os hauçás invadiram
o reino, destruíram sua capital e tomaram Ilorin. Depois, em ordem decrescente
de número, vêm os de Ijêsá, de que sobretudo há muitas mulheres. Depois os de
Egbá, principalmente da sua capital Abeokutá. Em menor número, são os de Lagos,
Ketú, Ibadan. Em geral, os nagôs do centro da Costa dos Escravos, os de Oyó,
Ilorin, Ijêsá etc., são quase todos, na Bahia, muçulmis, malês ou muçulmanos, e
a seus compatriotas se deve atribuir a grande revolta de 1835. Durante o último
período da escravatura, os iorubás foram concentrados nas zonas urbanas, então
em pleno apogeu; nas regiões suburbanas ricas e desenvolvidas do Norte e
Nordeste, particularmente em Salvador e no Recife. Ligados pela origem mítica
comum, pela prática religiosa e semelhança dos costumes, rapidamente os
diversos grupos nagôs passaram a inter-relacionar-se. Não perderam contato com
a África, dada a intensa atividade comercial entre a Bahia e a Costa Africana”.
A Religião Iorubá
Namitologia
iorubá, o deus supremo é Olorum, chamado também de Olodumare. Ele é o Deus
supremo criador de todas coisas. As emanações de Olorum são os Orixás (também
chamados de Irunmalé). Diferente do que muitas pessoas pensam, a tradição
Iorumbá é monoteísta, ou seja, creem em um único Deus, já que os Orixás são
manifestações de um único Deus, e as entidades são manifestações ou enviados
pelos orixás. Fazendo uma analogia com o cristianismo, as entidade seriam
semelhantes aos “santos” ou aos “anjos”, enquanto que os Orixás seriam mais
próximos ao simbolo de “Cristo” ou o “Espirito Santo”. Apesar que o forte
sincretismo no Brasil atribui santos da igreja católica a orixás da Umbanda,
como por exemplo Ogum equivalente a São Jorge, e Iamanja equivalente a Virgem
Maria. Porém essa atribuição é feita dentro da tradicionalismo religioso, e não
uma referência direta a cultura Iorubá.
Olorum também teria criado os “Noves Céus” ou Nove
Céus de Oyá ou de Iansã, chamados de Oruns na Mitologia Iorubá são os locais
para os quais as pessoas vão depois de morrer.
Na Presença de Olórum! Na Presença de Olódùmaré!
Criador, Senhor dos espíritos, Senhor das origens.
Pedra Imutável e Eterna
Mais Alto Glorioso Rei do Céu,
Aquele que Se espalha sobre toda a terra,
Dono da esteira que nunca se dobra
Rei cujos trabalhos são feitos com perfeição
Olórun é único que tem sabedoria
Aquele que vê dentro e fora, e conhece os corações
Rei invisível, que não podemos ver.
Rei que mora em cima, e que julga em silencio
Rei Puro, que não tem mancha.
O dono da roupa branca que está no mais alto.
Alábàáláàse envie as coisas boas para nós.
Os Noves Céus (Oruns):
Orun Alàáfià: Espaço de muita paz e tranquilidade, reservado para pessoas de gênio
brando, ou índole pacífica, bondosa, pacata.
Orun Funfun: Reservado para os inocentes, sinceros, que tenha pureza de sentimento,
pureza de intenções.
Orun Bàbá Eni: Reservado para os grandes sacerdotes e sacerdotisas, Babalorixás,
yalorixás, Ogans, Ekedes, etc.
Orun Aféfé: Local de oportunidades e correção para os espíritos, possibilidades de
reencarnação, volta ao Aiye.
Orun Ìsòlú ou Àsàlú: Local de julgamento por Olodumare para decidir
qual dos respectivos oruns o espírito será dirigido.
Orun Àpáàdì: Reservado para os espíritos impossíveis de ser reparados.
Orun Rere: Espaço reservado para aqueles que foram bons durante a vida.
Orun Burúkú: Espaço ruim, Ibonan, “quente como pimenta”, reservado para as pessoas
más.
Orun Mare: Espaço para aqueles que permanecem, tem autoridade absoluta sobre tudo
o que há no céu e na terra e são incomparáveis e absolutamente perfeitos, os
supremos em qualidades e feitos, reservado a Olodumare Olorun e todos os orixás
e divinizados.
Umbanda e Orixás
A Umbanda acredita que os Orixás não tiveram vida
corpórea na terra; mas são a representação da energia, força oriunda da
natureza, e é tal força que auxilia os seres humanos nas dificuldades do dia a
dia. Na Umbanda, os orixás também não incorporam (diferentemente do Candomblé),
o que se vê é a manifestação dos Falangeiros dos Orixás, que são os Guias ou
Entidades que trabalham sob ordens de um determinado Orixá. Cada pessoa recebe
a influência de um Orixá, que será seu protetor por toda a vida.
Principais Orixás da Umbanda
Para os principiantes ou simplesmente visitantes,
duas dúvidas são bastante recorrentes: “Quantos orixás existem?” e “Quais
são os orixás da umbanda?”. Entretanto, para essa pergunta há diversas
respostas. Basicamente, existem cinco orixás presentes em todas as correntes de
Umbanda, que são: Oxalá, Xangô, Iemanjá, Ogum e Oxossi. Além desses,
apresentaremos o perfil e história de mais quatro: Oxum, Iansã, Omulú e Nanã.
OXALÁ
Oxalá é o maior Orixá da Umbanda, estando abaixo
apenas de Olorum, Deus Supremo. Foi criado a partir do ar, que havia no início
dos tempos, e das primeiras águas, pelo mesmo Deus Supremo, Olorum.
Representado por uma estrela de cinco pontas, é sincretizado como Jesus Cristo
e representa a paz e a fé. Na umbanda, sua tarefa foi a de criação do ser
humano. Ele envia vibrações que estimulam a fé individual, assim como
irradiações que geram sentimentos de religiosidade. É aquele que determina o
fim da vida de cada ser humano, é o momento de partir em paz. Representa o
amor, bondade, pureza espiritual, e tudo aquilo que indica positividade.
Cores: branco e cristalino
Habitat: praia deserta ou colina
Data comemorativa: 25 de dezembro
Dia da semana: sexta-feira
Ervas: Camomila, Cravo, Coentro, Arruda, Erva
Cidreira, dentre outras
Signo: Aquário
Saudação: Êpa Êpa Babá!
OXUM
Pedras Cachoeira Oxum é a Orixá que domina as
mulheres, orixá da fertilidade, do amor e do ouro. Protetora das gestantes e da
juventude, é a senhora das águas doces. Representa a beleza e a pureza, a moral
e o modelo de mãe. Muitas vezes é evocada em prol da limpeza fluídica dos
seguidores e do ambiente dos templos. Segundo a Umbanda, ela é o exemplo de mãe
que nunca desampara seus filhos e ajuda a qualquer pessoa.
Cores: azul ou amarelo ouro
Habitat: cachoeira, rios e lagos
Data comemorativa: 08 de dezembro
Dia da semana: sábado
Ervas: Camomila, Gengibre, Erva Cidreira, dentre
outras
Signo: Câncer
Saudação: Ora iêiê ô!
OGUM
Orixá guerreiro, Ogum é aquele que representa todas
as batalhas da vida. Representado por São Jorge, é o orixá protetor contra as
guerras e contra diversas demandas espirituais; Ogum é a força do movimento. É
ele quem protege os seguidores da Umbanda e as pessoas que sofrem perseguições
espirituais ou materiais. Ogum também é o senhor das estradas, é a jornada do
dia a dia e sua responsabilidade é a manutenção da lei e da ordem.
Cores: vermelho e branco
Habitat: mata fechada
Data comemorativa: 23 de abril
Dia da semana: terça-feira
Ervas: Aroeira, Como Ninguém Pode, Espada de São
Jorge, dentre outras
Signo: Áries
Saudação: Ogunhê!
IEMANJÁ
Orixá mais popular do Brasil, a rainha do mar é a
mãe de todos os Orixás, é o trono feminino da geração, a protetora dos
marinheiros, pescadores, das viagens pelo mar, e também sobre toda a flora e
fauna marinhas. E além disso, atua no amparo à maternidade, rege de forma
absoluta o lar e a família. Dona dos mares e oceanos, águas essas que, através
de sua força, tem o papel de devolver vibrações e trabalhos, pois creem que o
mar devolve tudo que nele for jogado e vibrado.
Cores: azul claro, branco e prata
Habitat: calunga grande (mar)
Data comemorativa: 15 de agosto
Dia da semana: sexta-feira
Ervas: Trevo, Pata de Vaca, Erva Quaresma, dentre
outras
Signo: Peixes
Saudação: Odoiá!
XANGÔ
Xangô é o Orixá da justiça e da sabedoria,
simboliza a lei de causa e efeito, responsável a dar a quem merece o devido
castigo e a vitória aos que foram injustiçados. É quem dá solução às
pendências. A maioria dos seguidores que recorrem ao Xangô são os que sofrem de
injustiças, perseguições espirituais e materiais. Desse Orixá, emanam também o
saber e a autoridade, é o protetor de todos que tem contato com as práticas da
lei.
Cores: marrom
Habitat: pedreiras, grutas de pedras
Data comemorativa: 30 de setembro
Dia da semana: quarta-feira
Ervas: Folhas de Mangueira, Erva Lírio, Folhas de
Limoeira, Folhas de Café, dentre outras
Signo: Leão
Saudação: Caô Cabecilê!
IANSÃ
Iansã é a Orixá dos ventos e das tempestades.
Rainha dos raios, é responsável pelas transformações e pelo combate à
feitiçarias feitas aos seus seguidores. Guerreira, é conhecida também como
guardiã dos mortos, pois exerce domínio sobre os eguns. A força de sua magia
afasta todas as influências do mal e negativas, pois tem o poder de anular os
males e cargas de enfeitiçamento.
Cores: amarelo-ouro
Habitat: bambuzal
Data comemorativa: 04 de dezembro
Dia da semana: quarta-feira
Ervas: Erva de Santa Bárbara, Cordão de Frade,
Açúcena, Folhas de Rosa Branca, dentre outras
Signo: Sagitário
Saudação: Eparrei Oyá!
OXOSSI
Oxossi é o Orixá conhecido como senhor dos caboclos
e das matas. É o caçador de almas de homens e dele emana altivez. Encoraja e dá
segurança a todos seus seguidores; protetor dos animais, é conhecido por aliar
sua grande força com o bom senso. Assim como Ogum, é um lutador, grande
guerreiro, está sempre pronto para defender aqueles que se colocam sob sua
guarda.
Cores: verde
Habitat: mata fechada
Data comemorativa: 20 de janeiro
Dia da semana: quinta-feira
Ervas: Folhas de Aroeira, Folhas de Samambaia,
Folhas de Palmeira, Erva Cidreira, Folhas de Laranjeira, Folhas de Maracujá,
Folhas de Abacateiro, dentre outras
Signo: Touro
Saudação: Okê Arô!
OMULÚ
Orixá da saúde, atua sobre os doentes, hospitais e
cemitérios. Senhor da morte e das doenças, costuma ser muito temido, porém da
mesma forma que traz a doença, ele leva embora também. Muito respeitado, é um
orixá exigente e grande feiticeiro. Omulú é a manifestação idosa de Obaluaiê.
Os médiuns ao manifestarem a presença de Omulú, se curvam aproximando-se o
máximo da terra, do chão. Representa a transformação do ser, morrer para o
pequeno e renascer para o grande.
Cores: preto e branco
Habitat: calunga pequena (cemitério)
Data comemorativa: 16 de agosto
Dia da semana: segunda-feira
Ervas: Alfazema, Babosa, Coentro, Jenipapo, Musgo,
dentre outras
Signo: Capricórnio
Saudação: Atotô!
NANÃ
Orixá mais velho do panteão africano, que nenhuma
pesquisa conseguiu identificar suas origens. Dona da alma do fundo dos rios,
lama esta que serviu para modelar os homens, é misteriosa e também possui forte
relação com a morte; pois é o nascimento, a vida e a morte. Nanã é uma
expressão que significa “Mãe” em diversos dialetos na África, portanto, Nanã é
a mãe do destino.
Cores: roxo
Habitat: calunga pequena (cemitério)
Data comemorativa: 26 de julho
Dia da semana: terça-feira
Ervas: Hortência, Folhas de Samambaia, dentre
outras
Signo: Escorpião
Cores da Guia: contas roxas
Saudação: Saluba Nanã!
Entidades da Umbanda
Egun é a denominação que se dá aos espíritos
desencarnados, ou seja, espíritos de pessoas que já morreram. Portanto, os
eguns podem ser tanto os espíritos dos guias (ou entidades), que são os Caboclos,
os Preto Velhos, as Crianças, as Ciganas,
os Boiadeiros, os Malandros, os Exus e
as Pomba Giras, como também os kiumbas.
Os guias da umbanda são
mensageiros dos orixás que protegem e orientam os encarnados que por eles procuram.
São espíritos iluminados que se encontram em uma faixa de vibração boa para a
umbanda. De acordo com o grau de evolução de cada um, são levados a fazer parte
de uma falange, ou seja, um grupo específico de espíritos, para aprenderem e
evoluírem espiritualmente. Dessa forma eles permanecem, até uma possível
reencarnação ou evolução para um plano superior.
Os kiumbas são espíritos do baixo astral,
verdadeiros obsessores (como chamados no espiritismo) que se aproveitam da
fragilidade humana para satisfazerem seus vícios maldosos, ou até mesmo são
procurados por pessoas que queiram prejudicar alguém. Eles acompanham e
influenciam os encarnados por pura vontade de cometer o mal. Locais que
geralmente são cercados por kiumbas são os bares e festas de baixo nível, pois
se aproveitam dos vícios humanos (como vício do álcool, do cigarro, das drogas
ou do sexo) para se fortalecerem e, consequentemente, enfraquecer os que desta
forma se comportam.
CABOCLO
Originalmente, a palavra Caboclo refere-se à
miscigenação do homem branco com índio; porém na umbanda, o termo é usado para
classificar todo tipo de civilização indígena habitante de qualquer parte do
planeta. Habitantes das matas, os caboclos vem com a força da natureza, cheios
de humildade, sabedoria, forte portura, voz vibrante e elevação espiritual, com
suas ervas medicinais que podem curar doenças
físicas e espirituais. Em alguns cultos afro-brasileiros, os caboclos são
considerados seres encantados, no qual se relacionam com os espíritos da
natureza, como plantas, animais, etc; isto deve-se a uma crença indígena em que
humanos e animais se comunicavam entre si em plena harmonia e podiam se
transformar um no outro. As giras de caboclos são muito alegres e lembram bem
as festas nas aldeias. Trabalham como verdadeiros conselheiros e ensinam o
homem a importância da coragem e o respeito que se deve ter com o próximo e com
a natureza.
PRETO VELHO
Em grande parte (mas não totalidade), os pretos
velhos são de negros escravos que viveram durante o Brasil
Colônia. Nesta época, em que os escravos sofriam humilhações e
trabalhavam de sol a sol por um pedaço de pão, eles reagiam fugindo e formando
quilombos, tirando a própria vida, ou até mesmo assassinando seus senhores e
proprietários. A “macumba”, com seus batuques e danças, era um rito de
protesto e liberdade. Após anos de sofrimento, a missão destes seres de luz
ainda não estava cumprida. Não tem ódio pela humilhação que sofreram no
passado; por isso hoje retornam, para evoluírem espiritualmente e auxiliarem,
com extrema humildade e carinho, aqueles que buscam ajuda.
CRIANÇA (ERÊ)
Também chamadas de Ibejis ou Ibeijada,
as crianças são a alegria contagiante da umbanda. São espíritos que, na última
vida, desencarnaram ainda muito novos, mantendo assim as suas características,
então eles brincam, aprontam, gostam que lhe contem histórias infantis e adoram
doces e guloseimas, ou seja, agem como crianças. Muito respeitadas, elas
representam a pureza e a inocência, porém não são tolas e identificam muito bem
as falhas humanas, orientando e atuando em casos familiares e de gravidez,
principalmente.
EXU E POMBA GIRA
Por ignorância e preconceito de muitas pessoas, os
Exus são mal interpretados e associados ao demônio cristão, considerados maus
ou compráveis, ou seja, que realizam trabalhos para o mal em troca de ofertas.
O que acontece, é que os espíritos baixos, kiumbas, através de
médiuns despreparados ou perturbados mental e espiritualmente, realizam tais
trabalhos malignos contra os encarnados, e assim o fazem se passando por Exus,
confundindo as pessoas sem conhecimento e contribuindo para tal erro.
Com suas cartolas, capas (no caso dos exus
masculinos), saias rodadas e adornos (no caso dos exus femininos, as pomba
giras), os verdadeiros exus não fazem mal a ninguém; apenas executam a lei da
justiça, ou seja, dá o bem a quem pede o bem e devolve o mal a quem o pediu.
Por atuarem em vibrações muito próximas ao Planeta Terra, são espíritos que
conhecem profundamente as paixões humanas e, por este motivo, estão em um
estágio evolutivo inferior ao dos caboclos e pretos velhos, por exemplo; não
por serem inferiores, mas por possuírem uma energia muito densa e de maior
proximidade à Terra.
Muitos não gostam de trabalhar com Exus, pois dizem
que eles não atendem seus pedidos. A verdade é que Exu não dá o que se pede, e
sim o que se merece, sempre de acordo com a Lei Cármica. O maior elo entre os
homens e os orixás, são verdadeiros guardiões dos caminhos e soldados na luta
contra o mal. Algumas das correntes dos Exus são:
·
Exu Tranca Rua;
·
Exu Caveira;
·
Exu Sete Encruzilhadas;
·
Exu Meia-noite;
·
Exu Gira Mundo;
·
Maria Mulambo;
·
Pomba Gira Rainha.
Pomba
Gira
A Cabocla Jurema:
A Origem da Cabocla Jurema e esta relacionada
a uma entidade espiritual, uma
“cabocla”, ou divindade evocada tanto por indígenas, como remanescentes,
herdeiros diretos em cerimônias do Catimbó.
Dentre os estudos da antropologia brasileira,
Jurema ocupa um lugar singular. O próprio termo comporta denotações múltiplas,
que são associadas em um simbolismo complexo indigina (Jurema filha de
Tupinamba). Além do sentido botânico, a palavra Jurema designa ainda pelos
menos três outros significados.
Oh Juremê, oh Jurema,
Sua folha caiu tranquilo oh jurema,
dentro desse congá
Quem é filho da Jurema
Nunca se perde na mata
Jurema sua folha cura, sua flecha mata
Preparado líquido à base de elementos do vegetal,
de uso medicinal ou místico, externo e interno, como a bebida sagrada, “vinho
da Jurema”; cerimônia mágico-religiosa, liderada por pajés, xamãs, curandeiros,
rezadeiras, pai de santo, mestras ou mestres juremeiros que preparam e bebem
este “vinho” e/ou dão a beber a iniciados ou a clientes; A entidade Jurema
também é muito presente dentro da religião xamãnica.
Numa primeira fase da colonização, a resistência
dos povos indígenas no Nordeste, não permitiu que a Cabocla Jurema, enquanto
árvore sagrada, fosse conhecida, em seus usos e significados, não sendo assim
documentada pelos colonizadores e estrangeiros.
Numa segunda fase histórica a Jurema representa um
elemento ritual ligado à própria resistência armada dos povos indígenas ou à
guerra empreendida contra inimigos inclusive em suas alianças. Ainda nesta fase
na qual a Jurema começa a ser documentada, seu significado ainda não é
entendido mas seu uso já é motivo de repressão, prisão e morte de índios, (…).
Na medida em que avança o rolo compressor da
colonização, processo de genocídio ou tentativa de dominação, não só política e
econômica como também cultural, aparece uma nova forma de resistência: a Jurema
assume um lugar central na religiosidade popular, não só indígena regional —
Catimbó.
Diante do componente negro a Jurema garante seu
reconhecimento, como entidade (espírito, divindade, cabocla) autóctone, “dona
da terra”. A Jurema é absorvida pelos cultos afro-brasileiros, tendo surgido
inclusive o “Candombles de Caboclo”.
Nas últimas décadas é no contexto da Umbanda, que a
Jurema é integrada na cosmologia sagrada, no panteão da religião nacional.
Constatamos em vários estados nordestinos as “Linhas da Jurema”, dentre as
linhagens e filiações religiosas da Umbanda.
Nesses últimos anos, e paralelo ao movimento
religioso propriamente brasileiro, a Jurema continua como “núcleo duro”,
segredo, bandeira ou símbolo, para os remanescentes indígenas, em pleno
“movimento étnico”, num contexto de defesa de seus direitos humanos, de suas
áreas de reservas e de sua autonomia e reconhecimento no pluralismo da
sociedade e das culturas brasileiras.
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